25.6.05

É o sabor do caminho que torna a viagem evidente.

Os grandes sonhos, antes de o serem, não passavam de pequenos desejos de mudar alguma coisa em nós mesmos, surgindo numa noite em que não conseguíamos dormir. Pensávamos que eram momentâneos, que no dia seguinte estariam junto aos ácaros da almofada e voltariamos à rotina. Mas ups...
Diz-se que são quatro irmãos, e que vivem refundidos por entre arbustos e pessegueiros para esconderem o passar dos anos estampado nas suas caras e no toque das suas mãos. Mas hoje seguem para oeste. São cavaleiros. Levam nos seus olhos os seus pequenos desejos de mudança, que um dia decidiram procurar incessantemente por entre a esponja das suas almofadas. Apenas a irmã mais nova não encontrou os seus (provavelmente foram comidos por algum ácaro mais gastricamente insatisfeito). Revoltou-se (consigo mesma e com os ácaros) e desfez-se da sua almofada e de todos esses desejos perdidos. Hoje ardem lentamente, numa velha caixa de cartão.

Se ao menos ela soubesse que as estrelas se podem apagar, tal como se podem apagar umas pegadas...

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24.6.05

It's all so blue

There's something about the colour blue. The one you keep on the smell of your hair and on the taste of the full moon on your skin...

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(E. Schiele)

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Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma história pra contar
De um mundo tão distante
...

19.6.05

Don't wake me

- I'm attatched to such a sweet scene...
{so sweet, too sweet, too sweet}
I'm learning again. Wait.

{Feed the cat. Make more tea - not black. Put some music on.}

It's all in here. Between my hands.
And in between these walls.


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(E. Schiele)

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I drew the world today, it's surrounded by your smile.

18.6.05

Arrastão?

Três queixas, três apenas, eis ao que os noticiários de 5ª feira passada resumiam o arrastão de 6ª anterior, na praia de Carcavelos. E, segundo dados da Polícia, essas três únicas queixas de roubo não se referiam concretamente a casos passados na própria praia, no local do dito arrastão, mas sim num Carcavelos mais genérico, que incluía a Estação de Comboios.
Este é o primeiro parágrafo de uma notícia que vem hoje no jornal Expresso, num artigo de Pedro d'Anunciação. Neste artigo, o jornalista acrescenta que a sua filha, presente na praia de Carcavelos no dia 10 de Junho, presenciou tudo o que se passou e este "tudo" resume-se a "nada". Basicamente, um grupo de jovens negros entrou na praia a dançar e a cantar de forma exuberante. Algumas pessoas começaram a entrar em pânico (ameaçadas pela homogeneidade étnica tão diferente) e chamaram a polícia. Meia dúzia de polícias chegou em pouco tempo e ao ver a "agitação" resolve chamar reforços. E assim, já em número considerável, resolvem pôr termo ao "bailarico" começando então o reboliço e a correria pela praia (onde uma senhora se feriu numa garrafa partida que ali estava, e NÃO FOI AGREDIDA com uma garrafa, como relataram na televisão).
E foi esta a história que os media alteraram da forma que mais lhes convinha para aumentar as audiências, acrescentando não um, mas vários pontos. Entrevistaram pessoas que já tinham algumas hostilidades raciais (não vi uma única entrevista na televisão a alguém que não revelasse alguma forma de racismo, explícito ou subtil), provocaram o pânico na população, contribuíram para a realização da manifestação que hoje se realizou de teor altamente xenófebo.
Vivemos numa cultura mediática onde o apelo ao medo é a palavra de ordem. As consequências não têm sido insignificantes noutros países (nomeadmente nos EUA), e Portugal vai estando no mesmo caminho. Será que estas pessoas não têm escrúpulos? Não têm ética? Não medem as consequências do estão a fazer?
Comentários a este post (tal como a todos os outros) são bem-vindos.

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13.6.05

As Amoras

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O meu país sabe a amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.



Eugénio de Andrade
(1923-2005)

{Uma vez Amora, sempre Amora!}

The aeroplane flies high

(Turns left, looks right)
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Same blog name, but new ideas. Let's see where this plane is leading me...
.
Black wings carry me so high
up to meet you in the sky
i'm disconnected by your smile
disconnect a million miles