Arrastão?
Três queixas, três apenas, eis ao que os noticiários de 5ª feira passada resumiam o arrastão de 6ª anterior, na praia de Carcavelos. E, segundo dados da Polícia, essas três únicas queixas de roubo não se referiam concretamente a casos passados na própria praia, no local do dito arrastão, mas sim num Carcavelos mais genérico, que incluía a Estação de Comboios.
Este é o primeiro parágrafo de uma notícia que vem hoje no jornal Expresso, num artigo de Pedro d'Anunciação. Neste artigo, o jornalista acrescenta que a sua filha, presente na praia de Carcavelos no dia 10 de Junho, presenciou tudo o que se passou e este "tudo" resume-se a "nada". Basicamente, um grupo de jovens negros entrou na praia a dançar e a cantar de forma exuberante. Algumas pessoas começaram a entrar em pânico (ameaçadas pela homogeneidade étnica tão diferente) e chamaram a polícia. Meia dúzia de polícias chegou em pouco tempo e ao ver a "agitação" resolve chamar reforços. E assim, já em número considerável, resolvem pôr termo ao "bailarico" começando então o reboliço e a correria pela praia (onde uma senhora se feriu numa garrafa partida que ali estava, e NÃO FOI AGREDIDA com uma garrafa, como relataram na televisão).
E foi esta a história que os media alteraram da forma que mais lhes convinha para aumentar as audiências, acrescentando não um, mas vários pontos. Entrevistaram pessoas que já tinham algumas hostilidades raciais (não vi uma única entrevista na televisão a alguém que não revelasse alguma forma de racismo, explícito ou subtil), provocaram o pânico na população, contribuíram para a realização da manifestação que hoje se realizou de teor altamente xenófebo.
Vivemos numa cultura mediática onde o apelo ao medo é a palavra de ordem. As consequências não têm sido insignificantes noutros países (nomeadmente nos EUA), e Portugal vai estando no mesmo caminho. Será que estas pessoas não têm escrúpulos? Não têm ética? Não medem as consequências do estão a fazer?
Comentários a este post (tal como a todos os outros) são bem-vindos.
2 Comments:
Lendo o teu artigo depreendo então que ... estarei a ler ... talvez... não posso crer que afinal não houve nenhum arrastão? Claro que isso é impossível. O que passa na televisão é real, a camara não mente! Claro que houve arrastão!
E quanto a comentários racistas, de certeza que pretendiam apenas caracterizar os elementos insultuosos. Se eram todos de etnia africana, bem, é a realidade, não é? Se calhar aqueles senhores da Frente Nacional têm razão!
E viva o "Portugal Tolerante" do nosso amigo Sr Dr mui venerado Jorge Sampaio (aqueles óculos são mesmo espessos).
Assustaste-me caraças =P
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