enquanto houver estrada para andar
S - repara, a tua liberdade acaba onde acaba o teu corpo. estás limitado por este bocado de carne que te faz arrastar pelas ruas! não consegues compreender isso?
H - ainda assim, há tanta coisa que podes fazer com esta carninha...
S - estou a falar a sério...
H - eu sei. e eu também. só te estava a tentar animar, a tentar mostrar-te um lado positivo.
S - já viste bem... a quantidade ainda maior de coisas que tu poderias fazer se não tivesses um corpo, uma forma?
H - ... ou pelo menos que fosse uma forma com mais elastecidade, para não causar danos maiores...
S - só queria poder sentir que fiz tudo aquilo que tive vontade de fazer, e que não posso. neste momento sinto-me vazia, parece que me falta preencher cada poro do meu corpo. e as únicas coisas que vejo à minha volta para o fazer, não passam de futilidades. coisas vazias, sem significado, que aparentam durante um certo tempo sarar feridas que não têm cura. apenas as cobrem. e é tão fácil elas ficarem descobertas novamente...
H - o que é que mais gostavas de fazer e não podes, ou achas que não podes por estares limitada pela "carninha"?
S - gostava de voar.
H - livre como um pássaro...
S - os pássaros não são livres, também eles têm um corpo. gostava de voar como um pensamento. gostava de compreender tudo. gostava de abraçar aquelas pessoas. aquelas que eu adoro e que não consigo alcançar. abraçar no sentido metafórico, obviamente, porque não teria braços para o fazer. gostava de mostrar que eu estava ali ao lado delas... gostava de poder acordar todos os dias num sítio diferente, e de poder voltar sempre que assim o entendesse. gostava de não estar presa. gostava... gostava... gostava de ser eu.
anda daí. vem voar comigo.
H - ainda assim, há tanta coisa que podes fazer com esta carninha...
S - estou a falar a sério...
H - eu sei. e eu também. só te estava a tentar animar, a tentar mostrar-te um lado positivo.
S - já viste bem... a quantidade ainda maior de coisas que tu poderias fazer se não tivesses um corpo, uma forma?
H - ... ou pelo menos que fosse uma forma com mais elastecidade, para não causar danos maiores...
S - só queria poder sentir que fiz tudo aquilo que tive vontade de fazer, e que não posso. neste momento sinto-me vazia, parece que me falta preencher cada poro do meu corpo. e as únicas coisas que vejo à minha volta para o fazer, não passam de futilidades. coisas vazias, sem significado, que aparentam durante um certo tempo sarar feridas que não têm cura. apenas as cobrem. e é tão fácil elas ficarem descobertas novamente...
H - o que é que mais gostavas de fazer e não podes, ou achas que não podes por estares limitada pela "carninha"?
S - gostava de voar.
H - livre como um pássaro...
S - os pássaros não são livres, também eles têm um corpo. gostava de voar como um pensamento. gostava de compreender tudo. gostava de abraçar aquelas pessoas. aquelas que eu adoro e que não consigo alcançar. abraçar no sentido metafórico, obviamente, porque não teria braços para o fazer. gostava de mostrar que eu estava ali ao lado delas... gostava de poder acordar todos os dias num sítio diferente, e de poder voltar sempre que assim o entendesse. gostava de não estar presa. gostava... gostava... gostava de ser eu.
anda daí. vem voar comigo.